quinta-feira, 17 de maio de 2012

Rozalvo Júnior e a voz-Gonçalves Dias e Ana Amélia, por Rozalvo Júnior..


  
Rozalvo Barros Júnior
NOVIDADE. Ao passar por um engarrafamento, eu resolvi seguir por um atalho. Não contava que a estrada fosse de terra e cheio de obstáculos. Assim é a vida: quando nos deparamos com os problemas devemos resolvê-los logo e seguir em frente. Os cientistas mostram que é preciso fugir da rotina, já que o cérebro criativo se mostra sempre receptivo às novidades. Diante das dificuldades temos a capacidade de utilizar a nossa energia criativa para encontrar uma forma harmoniosa de se viver. Maturidade que não seria possível se alcançar na calmaria e no comodismo"
(...) Escrito por Rozalvo Barros Jr.(*)

Clevane Pessoa Lopes: Olá, amigo!Compartilhei seu texto pleno de filosofia de vida.Abrs fraternais!


(*) Rozalvo Barros Júnior  escreveu-me:
"Querida e grande amiga Clevane, antes de tudo, é uma honra ter o seu reconhecimento. Fiquei muito feliz de você ter gostado do meu texto. Escritora de talento e de sucesso, no Brasil, você, desde o início, acreditou no meu potencial e me incentivou bastante. Lembro-me com saudade daquelas conversas frutíferas de 1985 a 1987. Essas conversas me ajudaram muito a compreender a natureza humana e a ouvir a minha voz interior. Você despertou o meu talento com a sua inteligência e sensibilidade psicológica e poética. A minha eterna gratidão! Ah, se todos os jovens tivessem Clevane para orientar as suas vidas. O mundo, com certeza, estaria bem melhor. Muitos jovens naufragam, hoje em dia, pela falta de referencial, de objetivos, de metas. Sempre me lembrarei daquelas conversas responsáveis pelo o que eu sou hoje: uma pessoa melhor mesmo com todas as imperfeições. Porque a vida é uma constante reflexão e agradecimento em relação ás pessoas que nos ajudaram a vencer os obstáculos. Você me levou a um novo mundo: o da perseverança e do encontro com a verdade interior. Muito obrigado por tudo. Fique com Deus. Um grande abraço afetuoso do Rozalvo"


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Quando residi no Maranhão, um jovem queria ser jornalista, o pai que fosse político.A mãe o trouxe a mim, e enquanto eu o ouvia, ela ficava deitada no chão da ante sala de meu consultório, para atenuar a dores nas costas, sofria da coluna vertebral.
Logo vi o quanto ele tinha potencial para escrever, para o jornalismo.
criei inúmeros exercícios para a disartria.Ele era esforçado, gravava tudo e continuava repetindo em casa.Aos poucos, a gagueira, com muitos aspectos da tensão interna, cedeu.
fez o vestibular contrariando a todos.Aquilo mágico;sei o que quero e para onde vou.Passou no vestibular. Logo, na faculdade, candidatou-se à rádio.
Ligou-me um dia fremindo de alegria e vitoria:
-Clevane , sabes qual será minha primeira frase?Vou abrir dizendo "Primeira noticia"...E rimos junto, felicíssimos.
É que ,ele e eu treináramos os dígrafos , sílabas penosas -e a dificuldade com o "pr" fora transformada em numerosos exercícios fono-audológicos e de escrita.
Um dia , estava eu de volta ao Maranhão, para ministrar um seminário sobre adolescência com colegas de lá, - a São Luiz , a capital, Ilha do Amor, terra de Gonçalves Dias, Odylo Costa filho, Catulo da Paixão Cearense(apesar do sobrenome, nasceu na ilha) , Bandeira Tribuzzi, Humberto de Campos, Ferreira Goulart, Nauro Machado e tantos poetas de peso- quando, mal chegada ao quarto do hotel, liguei a TV, saudosa do sabor local e tive o delicioso impacto de ver o rosto sorridente de meu pupilo, como âncora...Depois , ele levou-me fotos em meu consultório, rememorando uma época em que precisava acreditar em si mesmo-e o conseguiu!
Quando cheguei a Belo Horizonte, recebi dele uma fita de vídeo, onde um ator local declamava um de meus poemas em seu programa chamado "Quadro de Literatura-e foi grande o meu prazer ao assistir Rozalvo falando fluentemente enquanto andava pelos jardins do  renomado  Teatro Arthur Azevedo - o do magnífico lustre- da capital maranhense .

Agora, reencontro-o pelo FB, e tenho o prazer de ler seu depoimento acima.

nada pode dar-me melhor consonância , nesta vida, que verificar que os jovens a quem empoderei alcançaram -e até ultrapassaram- o limiar de seus sonhos, adentrando pela realização pessoal.

Clevane Pessoa
Belo Horizonte, 17 de maiod e 2012
Dia gelado...



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A poeta e psicóloga Dilercy Adler , como eu representante do Movimento Cultural aBrace em S.Luiz, está convidando poetas para participarem da antologia Mil Poemas a Gonçalves- à semelhança de Alfred Asís, que no Chile é coordenador de Mil Poemas a Neruda e Mil Poemas a César Vallejo.


Trago então, a propósito, esse tocante texto de Rozalvo Júnior:

18/12/2010
Amor eterno: Ana Amélia e Gonçalves Dias


"Amor eterno: Ana Amélia e Gonçalves Dias. São Luís. Início do século XX. 1904. 40 anos antes morria Gonçalves Dias. A cidade em festa para prestar uma homenagem à memória do poeta. A poesia estava em cada canto da cidade iluminada por versos amorosos e românticos.

À noite, o Teatro Arthur Azevedo abria suas portas. Uma multidão estava sendo aguardada para assistir as homenagens ao poeta. Sete da noite. Um ambiente nostálgico contagiava a todos. Declamações, recitais, apresentações faziam parte da festa.

Uma senhora anônima, aos 73 anos, chega à comemoração. Dirige-se discretamente a uma frisa. Ninguém percebe a sua presença. Tudo estava caminhando dentro do previsto. Eis que surge um fato que tiraria dela a tranqüilidade e revelaria um segredo.  

O grande Antônio Lobo é chamado ao palco do Teatro Arthur Azevedo. Recebe as primeiras palmas. Respira fundo. O público presente ao teatro faz uma pausa. O que poderia acontecer? Todos sabiam também de sua grande capacidade de declamação. Mas, ele iria também ficar na história. O imortal Antônio Lobo, nesse dia, conseguiria superar a sua própria genialidade.  

Quando Antônio Lobo começou a falar... Não se estava mais na Terra. Era o Céu que se encontrava, por alguns minutos, na Terra. Tal o momento de grande espiritualidade, de transcendência, de comoção, de amor, ou seja, de total revelação. A emoção dominava completamente o ambiente. Não se ouvia outra voz a não a ser a dele. Era um momento maravilhoso em que a poesia se misturava com a própria existência.

De repente, um choro abafado e contido começou a ser ouvido durante a declamação de Antônio Lobo. Todos se perguntaram: o que aconteceu? A multidão procurou logo descobrir de onde estava vindo o choro. E logo descobriu.

Era Ana Amélia Ferreira do Vale, Musa Inspiradora de Gonçalves Dias. Ela não se conteve, quando Antônio Lobo começou a declamar “Ainda Uma Vez – Adeus” de Gonçalves Dias.  Depois da crise de choro, ela cobriu logo o rosto. Eu, que adoro essa ligação entre Ana Amélia e Gonçalves Dias, me pergunto: O que teria passado pela cabeça dela naquele dia? Talvez a lembrança daquele amor frustrado e romântico, mas que o tempo não apagou, nâo é mesmo?

Afinal, 40 anos depois da morte de Gonçalves Dias, Ana Amélia revelou que não havia esquecido o poeta, apesar de não ter demonstrado seu amor por ele no passado, naquele encontro casual com Gonçalves Dias, em Lisboa. Naqueleencontro, ela o rejeitou. A declamação de “Ainda Uma Vez – Adeus” atingiu profundamente o seu coração. O amor adormecido pelo poeta foi exteriorizado pelo impacto da declamação. E o público percebeu o que se passava no íntimo de Ana Amélia. Era o amor em plenitude...

Há alguns anos, eu tive o privilégio de entrevistar o saudoso escritor e amigo, Mário Meirelles, no meu quadro de Literatura. Sempre me interessei pela bela história de amor entre Ana Amélia e Gonçalves Dias. No seu livro “Gonçalves Dias e Ana Amélia”, percebe-se que Ana Amélia, após ser rejeitada pelo poeta, casou-se por vingança e ciúme com o comerciante Domingos da Silva Porto. 

Dona Lourença, mãe de Ana Amélia, não aceitou também o casamento pelos mesmos motivos que recusara o pedido de Gonçalves Dias. Resultado: a família perseguiu o comerciante que acabou falindo. Ela foi deserdada e partiu com o marido rumo a Portugal. Tiveram um filho. O marido morreu e depois ela se casou com Vitor Godinho. Moraram no Rio de Janeiro. Desse casamento, nasceu um filho. 

Ana Amélia revelou em público, ao seu modo, no Teatro Arthur Azevedo, que seu amor pelo poeta Gonçalves Dias era eterno... Apenas deixaram de unir fisicamente suas almas, enriquecendo dessa forma as páginas literárias, movidas pelo conflito duradouro da paixão...

Ana Amélia e Gonçalves Dias permanecem juntos... As páginas românticas escritas pelo casal apaixonado, no Largo dos Amores, no século XIX, ganham a imortalidade porque o amor sempre vive e prevalece, ainda que o destino separe os enamorados... Uma bela história de amor que ficará para SEMPRE. Ana Amélia e Gonçalves Dias..."

Autor: Rozalvo Barros Júnior
São Luís, dezembro, 2010


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