terça-feira, 27 de maio de 2014

Milagrama

Milagrama



Milagrama 

Poema de Clevane Pessoa de Araújo Lopes
Um cogumelo de fumaça imensurável
resulta da bomba
insulta a pomba da Paz,
que enegrecidas penas,
revoa a fremir de dor,
gorgulhante…
e as penas se desprendem.
Quais as peles das pessoas.
Os olhos se enevoam,
mil tipos de cãncer
desorganizam as células
ou as célula,desorganizadas
provocam mil tipos de Câncer?
Fogo na garganta,voz trancada,
vozes em sussurros,
vozes aos gritos…
E o Cosmos, perplexo,
porque o resto da humanidade perplexa
vira o rosto,
não faz o gesto,
a sentir-se impotente…
Mas o povo japonês se refaz de si,se reconstrói
e “da solidão de Hiroshima”,
que tanto impactuou o jornalista atento,
o trovador solidário e observador,brotaram as flores do potencial humano,
testadas à exaustão.
E nasceram novas Horoshimas e Nagasakis,
mesmo que os criminosos
que pensam serem donos do Poder
(NÃO o são,”Não o são”)
continuem impunes,
o que importa,nesses sessenta anos,
é que as duas Phoenix se ergueram das próprias cinzas!






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Clevane Pessoa de Araújo Lopes é psicóloga e escritora em Belo Horizonte, MG.
O poema Milagrama faz parte da série Paz em Qualquer Campo, e foi escrito em 2006 para relembrar o horror das bombas atômicas lançadas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagazaki durante a segunda guerra mundial.

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